Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), nas próximas duas décadas, os novos casos de diabetes vão crescer 54% no mundo. Em 2030, haverá 438 milhões de diabéticos no planeta. O Ministério da Saúde estima que existam no Brasil 11 milhões de diabéticos (muitos deles sem diagnóstico). Cerca de 90% dos casos de Diabetes é do Tipo-2 (não insulino dependente), que se estabelecem quando o corpo desenvolve resistência à insulina. Cerca de 80% dos portadores de diabetes tipo-2 têm excesso de peso e adiposidade abdominal, estabelecendo uma perigosa conexão denominada diabesidade. A diabesidade está em curso acelerado no Brasil, e no mundo, e não está associada a um agente transmissor, mas sim, a um estilo de vida estressante, sedentário e de má qualidade alimentar (Hossain P, Kawar B El Nahas M. Obesity and Diabetes in the Developing World — A Growing Challenge N Engl J Med 2007; 356:213-215)
Além dos 438 milhões de diabéticos que a OMS prevê que o mundo terá em 2030, haverá um grupo ainda maior de pessoas que estão prestes a se tornar diabéticas. São os portadores da Síndrome Metabólica (SM). A SM foi inicialmente descrita pelo Dr. Gerald M. Reaven, em 1988 (Banting lecture 1988. Role of insulin resistance in human disease. Diabetes Dec. 1988 vol. 37 no. 12 1595-1607). Essa condição fisiopatológica, também conhecida como Síndrome X ou Síndrome de Resistência à Insulina refere-se a um grupo de anormalidades metabólicas baseadas na resistência dos tecidos orgânicos aos efeitos reguladores da insulina. Isso significa que os tecidos não respondem aos níveis “normais” de insulina sempre que o açúcar e outros carboidratos são consumidos, e o pâncreas precisa excretar quantidades cada vez maiores de insulina para reduzir os níveis de açúcar no sangue.
Há evidências que a SM pode acelerar o envelhecimento e predispõe o indivíduo a uma série de doenças potencialmente catastróficas, entre as quais as quatro campeãs de óbitos no mundo ocidental: doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e doença de Alzheimer, bem como hipertensão arterial, desordens neurológicas e artrite. Por definição, um diagnóstico de SM requer a presença de três os cinco critérios seguintes:
1. Circunferência abdominal (cintura) maior que 102 cm nos homens, e maior que 88 cm nas
mulheres;
2. Taxa de triglicerídeos (gordura) no sangue maior que 150 mg/dl;
3. Nível de HDL (conhecido como ”bom colesterol”) menor que 40 mg/dl nos homens e menor que 50 mg/dl nas mulheres;
4. Pressão arterial maior que 135/85 mm Hg;
5. Glicemia de jejum (teor de glicose no sangue, em jejum) elevada, maior que 99 mg/dl.
Ou seja, se uma pessoa apresenta pelo menos três dentre os itens acima, é quase certo que ela sofra de SM. Percebe-se a importância de cada pessoa fazer exames clínicos e laboratoriais periódicos para, no mínimo, verificação de pressão sangüínea e taxas de colesterol, triglicérides e glicose. As pesquisas indicam que os pacientes com essa Síndrome apresentam um risco pelo menos duas vezes maior de desenvolver doenças cardiovasculares, e cinco vezes maior de desenvolver diabetes. Além da predisposição genética, a maior causa de obesidade abdominal, e conseqüentemente de SM, é o sedentarismo e uma nutrição desequilibrada.
A relação entre obesidade abdominal e a Síndrome Metabólica
Um fator importante, que em geral está associado à SM, é a obesidade abdominal. A constatação da mesma dá-se através da medição da circunferência abdominal, uma vez que uma circunferência acima da média normal costuma estar associada à gordura dentro do abdômen. Descobertas relativamente recentes comprovam que essa gordura visceral, que fica acumulada na cavidade abdominal, em volta dos principais órgãos (e não logo abaixo da pele, como o restante da gordura corporal), é identificada como uma das principais causas de diversos problemas metabólicos graves, dentre eles processos inflamatórios que se espalham por todo o organismo, e que são responsáveis pela maioria das doenças cardiovasculares, que tanto matam. Outra disfunção bastante séria relacionada à gordura abdominal visceral é o depósito de gordura no fígado, podendo evoluir para esteatose e, posteriormente, até para cirrose.
Em 1980, pesquisadores descreveram uma síndrome chamada esteato-hepatite não-alcoólica (EHNA), caracterizada por pessoas obesas e diabéticas que não usavam álcool, porém apresentavam problemas no fígado muito semelhantes às da hepatite alcoólica, com o órgão aumentado, suas células apresentando alterações em exames laboratoriais e biópsias revelando vesículas de gordura (o nome “esteatose” vem de “gordura”), necrose, inflamação e lesões diversas. O acúmulo de gordura dentro das células do fígado é um fenômeno natural, servindo para armazenar energia. Mas, por vários motivos, pode haver um acúmulo excessivo, e a partir daí, por mecanismos ainda pouco conhecidos, o organismo desencadeia uma inflamação contra as células do fígado, e estas passam a ser destruídas. A depender da intensidade dessa destruição, o fígado não consegue se regenerar, tendo suas células substituídas por “cicatrizes”. O processo pode chegar à cirrose, com todas as complicações conhecidas.
Além disso, os níveis de glicose no sangue persistentemente elevados têm outra conseqüência indesejável: a formação de AGEs (advanced glycation end products – Glicotoxinas), que são criadas no nosso organismo quando as moléculas de açúcar ligam-se às proteínas, “caramelizando-as”. Esses conglomerados pegajosos de açúcar e proteína danificam enzimas vitais, aumentando os danos dos radicais livres aos tecidos, o que acelera dramaticamente o processo de envelhecimento.
COMO SE PROTEGER DA SM & DIABESIDADE
• Comer mais frutas, verduras e legumes frescos.
• Reduzir o consumo de alimentos processados e de baixo valor nutricional.
• Reduzir ou eliminar o consumo de refrigerantes.
• Substituir carboidratos simples, como pão branco, arroz branco e açúcar por carboidratos complexos, como arroz integral e grãos integrais.
• Substituir carne vermelha por peixe, principalmente os oleosos, como os peixes de água fria.
• Comer mais gorduras saudáveis, como abacate, nozes e azeite de oliva.
• Controlar o tamanho das porções. O adulto normal não precisa de mais de 2.000 calorias por dia.
• Fazer de cinco a seis refeições durante o dia para manter o metabolismo ativo e queimar mais calorias.
• Manter a circunferência abdominal inferior à metade da sua altura.
• Fazer exames laboratoriais regulares (sob a orientação do seu médico) para verificar suas taxas bioquímicas (sobretudo, glicemia, trigliceridemia e colesterolemia).
• Controlar sua pressão arterial.
• Fazer exercícios regularmente.
• Beber, no mínimo, 2 litros de água por dia.
* E garantir sua suplementação diária de ácidos graxos ômega-3
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